quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

I am the walrus, goo goo g'joob.

Ser uma habitante desse lugar pitoresco chamado Maceió é se sentir em constante processo de menopausa. Você sofre com o calor clássico da cidade, que lhe faz o enorme favor de possuir 0,001 árvore por cada 10.000 metros quadrados, logo qualquer ser vivo vive,  sim vive, com o sol de lascar no centro de seu cocuruto e passeia, de preferência, com o mínimo de roupa possível dentro da sauna de vapor ao ar livre.

Eu bem sei que qualquer pessoa (não exatamente qualquer pessoa, mas aquela que limita ao menos 10 minutos de seu dia para praticar o seu viés de rabugenta) não gosta do lugar onde faz seu domicílio. Salvo o caso de você morar em uma cobertura hiper equipada na frente da torre Eiffel, seja dono de um vinhedo lindo no interior da Itália ou tenha um loft na Perry Street em NYC, logo, caso você não tenha muito dinheiro (caso de 99% das pessoas), não vai gostar de onde mora. É muito quente, muito frio, não tem ventilação, o vizinho gordo anda pelado pelas janelas, ou pior, seu vizinho do andar de cima ouve, canta e dança sertanejo universitário. Tudo vai te parecer muito insalubre e a vida será sessenta por cento do tempo péssima.

Tudo bem que enquanto eu escrevo isso, pessoas no meu facebook (vale dizer, que já não estão morando mais em Maceió) me compartilham uma imagem área da cidade com a legenda "Maceió, esse paraíso às margens do Atlântico". Claro que eu não vou querer discutir o mérito das belezas naturais da cidade. Realmente, as praias são muito bonitas. E, basicamente, só isso mesmo (não que isso seja pouca coisa, claro). 

Mas dizer que isso aqui é o paraíso é forçar demais a barra. Não quero cair no clichê de que Maceió é uma cidade do Nordeste brasileiro e, claro, tem uma infraestrutura muito pior do que a maioria das cidades do Brasil, etc. Isso é extremamente óbvio. Até porque existem muitas outras cidades fora do Nordeste que são muito piores que Maceió e que o povo se acha incrível porque não possuem costume de falar "oxente".

Eu prefiro analisar a situação totalmente desvinculada desse tipo de coisa. Acho essa coisa de "orgulho nordestino", "orgulho gaúcho", "orgulho qualquer coisa" um tremendo atraso de vida, formando panelinhas patéticas para discutir coisas patéticas, tais como "eu possuo praias mais bonitas que as suas" ou "os nordestinos são preguiçosos", etc.

Babaquice em cima de babaquice. Morar numa cidade onde a praia é mais bonita não te transforma melhor que ninguém e gente preguiçosa existe em qualquer lugar do planeta, independentemente dela falar "oxente" ou "guria", “yes” ou “oui”. Em poucas palavras, ter orgulho de algo estimula a ignorância e a estagnação, muito melhor reclamar, a coisa vai muito mais para frente.

Por esse motivo eu vou reclamar, mais uma vez, morar em Maceió é péssimo. Pode até ser que passar as férias em Maceió seja algo divertido, para quem curte praia e calor. Mas morar não dá, pelo menos para mim. Eu sinceramente  só quero passar férias onde moro.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

So this is the new year.


Nunca fui de acreditar em "milagres" de Ano-Novo e esse ano, mais ainda, não estou nem me dando o trabalho de criar alguma faísca de expectativa acerca da virada do ano, porque - entre ano e sai ano - tudo é muito miado e monótono. Mas uma coisa eu fico agradecida: por 2011 acabar. Ano mais bosta não ocorreu em minha vida, até hoje. 

Outra conclusão de fim de ano? Entre ano e sai ano e eu perco a motivação para escrever, sobre qualquer tipo de coisa.

"So this is the new year and I have no resolutions for self assigned penance for problems with easy solutions".




sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Martela o tempo aí.

Olha, 'tá difícil. Eu nunca fui de ficar me lamentando da vida. E sempre tive muita vontade de mandar um "cala a boca, reclamão" para qualquer um que intentasse começar a construir um muro das lamentações na minha frente. Mas, olha, tá difícil. Bem difícil. Tão difícil que eu só quero me limitar a dizer isso mesmo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Talking to myself, that good old way to make me feel sane.

Bem, estou trabalhando - estagiando, que seja - na Defensoria Pública da União aqui na "minha" ingrata cidade. Estágio muito bom, ganho menos e recebo menores pompas do que o estágio antigo, mas - sem a tal síndrome de sempre glorificar o que agora se tem - trabalhar por lá é consideravelmente melhor. As pessoas são melhores. Melhores mesmo. Nada de nariz empinado ou frieza. Todo mundo muito acessível e divertido.

Mas isso não é a melhor parte de lá. A melhor parte é o atendimento. Sim, como órgão público responsável por atuar como advogado para as pessoas que não possuem renda para contratar um advogado, na diminutivamente chamada DPU, nós (digo, estagiários) somos responsáveis por, ao menos duas vezes na semana, atender as pessoas que lá aparecem com O problema. 

Ao contrário do EMAJ (estágio obrigatório da minha faculdade que possui, com diferenças pontuais, função semelhante à DPU) na Defensoria nos deparamos com uma verdadeira organização no procedimento, apesar de alguns considerarem tudo aqui uma tremenda burocracia. Mas não, levando em conta a sistemática do Direito Brasileiro atual, todos os requerimentos feitos pela Defensoria são essenciais. 

Então, estava lá minha pessoa no atendimento hoje. Logo na urgência, onde só chega a galera no auge do desespero. Para o bom ou para o ruim, não me chegou nenhum caso urgente. Mas uma figura. Primeiro, ela chamava todo mundo de boneca. Depois ela começou a falar que tinha contado para não sei quem que a vizinha colocou um cano na rua e alagou a casa toda dela. Que tinha uns caroços, inclusive com detalhes escatológicos. Que o pedreiro da casa dela não fez o trabalho direito porque ela não aceitou o namorar. Que tinha muitas doenças. Que não era louca, apesar de me fazer incluir no sistema uma declaração do psiquiatra que afirmava o exato inverso. 

E, depois de muita conversa, revelou, na verdade, ela precisava de remédio. Nesse momento ela abre a bolsa e, juro, nunca vi tanto remédio nessa minha vida. Olhe que eu tenho uma avó que é conhecida por tomar uma quantidade grande. Mas o que aquela mulher tirou da bolsa foi o dobro, se não o triplo da quantidade que sempre vi na caixinha de remédios da minha avó.

Mas o que realmente me chamou  a atenção foi quando eu descobri a idade dela. Um ano mais nova que meu pai. Bicho. Ela somente parecia ter uns 20 anos a mais que ele. Tanto que no início do atendimento eu tinha escrito na narrativa que a senhora era uma idosa. Vergonha.

Depois de muito me agradecer por tê-la ouvido. Comecei a digitar as informações dos documentos. E a Dona Maria começou a conversar com ela mesma, muito animada. Com ela mesma mesmo. Ria, perguntava e respondia a si mesmo.

No fim, eu realmente não sei qual era o meu objetivo em escrever isso aqui. Talvez porque eu estou numa daquelas noites tagarelas, ouvindo The National demais, e não tem ninguém para conversar comigo. No fim, me encontrei com o mesmo problema da senhorinha dos caroços. Falando sozinha.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sem acordo, só amor.



Último ano de faculdade e as bombas começam a cair - adianto, nada delicadamente - sobre a sua cabeça. Ninguém estava esperando nenhuma moleza, mas a coisa está realmente dura. Além do óbvio como o TCC e a tortura (por mim tão pouco apreciada) das negociações da formatura, eu e todos os meus colegas de classe somos submetidos a um procedimento nada agradável, apesar de necessário para a graduação, chamado "Escritório Modelo". 
Digamos que a motivação desse projeto é digna. Ora, nada mais correto de que um bando de alunos de Direito aprendam a prática na faculdade. Galera passa quatro anos só falando bosta pelos corredores e tá  hora de sentar a bunda na cadeira e ouvir o problema de um monte de gente, fazer peças, conciliações e etc. Tudo muito digno. Mas (porque sempre existe um) quando a coisa sai do seu mundo das idéias e tu sente a primeira baforada quente do Forum a coisa muda totalmente de figura. Não chega a ser nada que afete minha dignidade de pessoa humana, ou que me cause grande aversão, só que é impossível não pensar em um "isso aqui poderia ser muito melhor" sequer. Mas (porque é possível existir mais um)  um "seguiremos firmes e fortes" consegue lhe encher até o suficiente daquelas mínimas forças reserva para encarar plantão atrás de plantão.
Apesar de todos esses percalços nessa longa caminhada, tem uma coisa que vem me divertindo bastante em toda essa experiência: os acordos. Tudo bem que nem sempre dá certo (tenta enfiar quatro sangue quentes para discutir uma dívida de energia), só que sempre tem aqueles que são super gratificantes. Primeiro porque acordo é bem diferente do mero atendimento, enquanto no primeiro a gente só ouve um lado da encrenca, no outro a gente ouve todo mundo e existem dois caminhos: ou você senta e chora de desespero diante da gritaria ou é só puro amor.
Hoje teve um que foi Amor com letra maiúscula. Seguinte: Fulano apareceu no atendimento dizendo que precisava se separar de Fulana, porque a querida disse que ele tinha um amante. Dava para ler perfeitamente na testa do coitado que ele não queria se separar e quando os dois chegaram hoje na porta da sala de acordo essa certeza apareceu em neon dançando sobre a cabeça de ambos.
Só que há um problema prático: eu não sou juíza, eu não posso decidir nada para ninguém. Então lá fui eu - entre choros e risos das partes - tentar resolver aquela briga de casal. Só que eu não conseguia não me envolver, perguntei mais de cinco vezes se eles não queriam voltar e recebia como resposta só olhares faceiros. O melhor momento foi o da assinatura do termo de acordo, quando eles demoram 10 minutos para assinar, com direito a "vai assinar mesmo, fulano?" super meigos.  Resultado: todo mundo saiu de lá com um acordo de divórcio no papel e a certeza (junto da minha torcida muito mais do que expressa) de que os dois vão se reconciliar.
E preciso dizer? Nesses momentos que eu acho que fiz a escolha certa naquela inscrição para o vestibular, apesar de noventa por cento do tempo restante me autoflagelar por esse mesmo motivo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Oh, honey, don't play with my patience.

Eu me considero uma pessoa consideravelmente paciente. Sério. Poucas são as pessoas que esperam quatro horas por uma pessoa que a cada cinco minutos diz que está na esquina da sua casa (ou aguenta exatos quarenta e cinco minutos de ladainha do telemarketing porque sentiu sincera pena do mocinho do outro lado do telefone) com tanta destreza.
Ainda assim, se tem uma coisa que eu ocasionalmente retorno a descobrir é como algumas pessoas sugam totalmente minha querida paciência. Acabo me tornando um ser que revira os olhos, bato os pés nervosamente e respiro profundamente.

Mas, pelo menos, a agonia viajou, por agora.