terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vida, essa tragicomédia.

 "I will someday make an optimist out of you". Disse meu namorado ontem. Em inglês mesmo, mania dele. Deu a  entender que eu sou uma pessimista crônica e nunca fui otimista um dia, o que é - apenas em parte - uma inverdade. Talvez nos cinco anos em que, até agora, ele conviveu comigo, eu, realmente, tenha derramado água do copo só para ver ele ainda mais vazio. Mas eu já fui muito otimista, ao ponto de ser constantemente xingada por esse comportamento.

Algo aconteceu. E, sinceramente, não consigo definir ao certo o que fora. Talvez a faculdade, talvez a idade, talvez o fato da indústria fonográfica ter dado espaço para tanta banda ruim. Não sei. Só sei que há quase uma década eu me identifico muito mais com os Woody Allens e congêneres que com Madres Teresa de Calcutá.

Tanto, que retirando pontos específicos sobre a velhice, o fato de produzir milhões de filmes e ser um cara incrível, a entrevista do diretor-ator ao The Talks poderia ter sido feita comigo e eu daria, sem brilhantismo,  as mesmas perspectivas sobre a vida.

Então, segue uns trechos do Woody jogando a real na sua cara, sem dó nem piedade:

 I have a very grim, pessimistic view of it. (...) I do feel that’s it’s a grim, painful, nightmarish, meaningless experience and that the only way that you can be happy is if you tell yourself some lies and deceive yourself.
But I am not the first person to say this or even the most articulate person. It was said by Nietzsche, it was said by Freud, it was said by Eugene O’Neill. One must have one’s delusions to live. If you look at life too honestly and clearly, life becomes unbearable because it’s a pretty grim enterprise, you will admit.
Woddy, inclusive, bem sabe que o maior problema da vida não são as guerras, fome, bomba atômica, mas sim o maldito cotidiano #whitepeopleproblems.
 Checking in at an airport or at hotel, handling my relationships with other people, going for a walk, exchanging things in a store… I’ve been working on the same Olympus Typewriter since I was sixteen – and it still looks like new. All of my films were written on that typewriter, but until recently I couldn’t even change the color ribbon myself. There were times when I would invite people over to dinner just so they would change the ribbon. It’s a tragedy.
E enterra de vez essa coisa hollywoodiana de que envelhecer é um lindo processo. Na verdade, é a maior merda mesmo.
 There is no advantage getting older. You don’t get smarter, you don’t get wiser, you don’t get more mellow, you don’t get more kindly, nothing good happens. Your back hurts more, you get more indigestion, your eyesight isn’t as good, you need a hearing aid. It’s a bad business getting old and I would advise you not to do it if you can avoid it. It doesn’t have a romantic quality.

4 comentários:

  1. Oh yes, I'm a weirdo. Mas, tirando isso, apesar de adorar os filmes do retrocitado ator-diretor, eu acho que a visão esposada por ele é um tanto... adolescente. Tipo, a vida é uma merda e então você morre - todo mundo com mais de vinte anos sabe disso. Eu acho que... já que a gente tá no inferno, abraça o capeta. Ok, esse tipo de nihilismo tá certo, mas vai fazer o quê, sentar e cruzar os braços? Viver a vida toda como um cabaço paranóico como o marketing do Woody faz parecer que ele viveu? Bem, eu acho que nós estamos aqui, então é melhor aproveitarmos, e também tentar fazer algo de bom enquanto estamos aqui: sim, envolve um tanto de autoilusão e esforço, mas... é melhor que a alternativa, não? Enfim, como tudo na vida, o XKCD já explicou melhor: http://xkcd.com/167/

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  2. Fala o cara mais pessimista que eu conheço.

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  3. Ah, a melhor! Adorei demais essa. Sem o brilhantismo, seria basicamente o mesmo.

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